Tecido Muscular Estriado Esquelético
Brancalhão, R.M.C.; Ribeiro, L.F.C.; Lima, B.; Kunz, R.I.; Cavéquia, M.C.¹
As células que compõe o tecido muscular esquelético são cilíndricas, muito alongadas (diâmetro de 10 a 100 µm, comprimento 3 a 12 cm) e multinucleadas – com núcleos alongados e periféricos. No citoplasma, o citoesqueleto forma estriações transversais.
Os componentes da fibra muscular esquelética apresentam nomenclatura peculiar. A membrana plasmática também pode ser denominada sarcolema, o citoplasma pode ser identificado como sarcoplasma e, também, o retículo endoplasmático liso é conhecido como retículo sarcoplasmático.
O sarcoplasma possui um citoesqueleto desenvolvido, constituído sobretudo por elementos contráteis - as miofibrilas (1 a 3 µm de diâmetro) - que se estendem por todo o comprimento da fibra, ficando alinhadas às miofibrilas adjacentes. Essas miofibrilas são constituídas por filamentos finos e espessos, organizados em unidades que se repetem ao longo da miofibrila, denominadas de sarcômero. A organização garante um padrão de estriações transversais, com faixas escuras (bandas A, onde filamentos espessos e finos se sobrepõem) e claras (bandas I, ao longo da linha Z, onde apenas os filamentos finos estão presentes), observadas na microscopia de luz. Além disso, apresentam túbulos T, que são invaginações na membrana plasmática que penetram no interior da fibra muscular, entre as bandas I e A, sobrepondo-as. Esse constituinte atua na condução rápida do impulso elétrico, da superfície para o interior célula, permitindo a propagação do potencial de ação. Já o retículo sarcoplasmático é responsável pelo armazenamento de íons cálcio, e encontra-se circundando as miofibrilas.
Ainda, existem, no citoesqueleto, outras proteínas (distrofina, desmina, cristalina, pectina etc.) que unem as miofibrilas entre si e na membrana plasmática, criando uma rede protetora contra estresse mecânico.
Na análise histológica, nota-se também a presença de tecido conjuntivo – que se apresenta organizado em três bainhas: epimísio, que circunda todo o músculo; perimísio, que divide o músculo em fascículos; e endomísio, que circunda individualmente cada célula ou fibra muscular. Além de todos esses envoltórios, a fibra é envolta pela lâmina basal. A presença desses tecidos tem como função manter as fibras musculares unidas, permitindo que a força de contração gerada em cada fibra atue sobre o músculo inteiro. Este papel do tecido conjuntivo tem grande importância porque, na maioria das vezes, as fibras não se estendem de uma extremidade do músculo até a outra. É, também, por intermédio do conjuntivo, que a força de contração do músculo se transmite a outras estruturas, como tendões e ossos. Os tendões musculares são continuações do tecido conjuntivo da fibra muscular, na qual o conjuntivo se apresenta denso e modelado. Além disso, os vasos sanguíneos penetram no músculo através de septos do tecido conjuntivo.
A junção miotendinosa marca o final da fibra muscular. Portanto, é um local de interface de 2 tecidos (fibra muscular e tendão), altamente interdigitada, cujos espaços são preenchidos por colágeno (objetiva aumentar superfície de contato e, com isso, aumenta estabilidade mecânica no local de transmissão de forças). Entretanto, é um ponto de estresse, havendo com frequência lesões musculares por esforço.
No organismo, a musculatura esquelética constitui a maior parte da musculatura do corpo, formando o que se chama, popularmente, de carne – que recobre totalmente o esqueleto, está preso aos ossos e, ocasionalmente, à pele.
O controle nervoso é desempenhado pelo sistema nervoso autônomo simpático e é caracteristicamente voluntário, com contração rápida e vigorosa. É importante evidenciar a existência da unidade motora, que é formada por 1 neurônio motor e todas as fibras musculares por ele inervadas. Essa regulação simpática é responsável pela movimentação corporal – movimentos voluntários, locomoção, manipulação do meio, expressão facial, entre outros.
Por fim, as fibras musculares esqueléticas não se dividem. Entretanto, ocorre, no músculo (entre a membrana plasmática da fibra muscular e a lâmina basal), uma população de células tronco, as células satélites ou miosatélite, com capacidade de mitose e, com isso, atuam na regeneração do músculo.
¹ Como citar:
- Nas referências: BRANCALHÃO, R.M.C.; RIBEIRO, L.F.C.; LIMA, B.; KUNZ, R.I.; CAVÉQUIA, M.C. Tecido muscular, 2016. Disponível em: <http://projetos.unioeste.br/projetos/microscopio/. Acesso em: 16 de jul. 2016. (conforme data de acesso ao site);
- No texto: Brancalhão et al. (2016) ou (BRANCALHÃO et al., 2016).