Limitação física não impede aluno de formar em Ciências Econômicas

Quantas vezes nos deparamos com adversidades em nossa vida e pensamos em desistir? Quantas situações que já passamos e que parecia que não tinha jeito de superarmos? Percebe que todos os verbos estão no passado? Isso é uma boa notícia – quer dizer que já os superou. E problemas como esses são mais presentes a pessoas com alguma deficiência especial.
Exemplo disto, é a do Marciel Pereira dos Santos, de 31 anos, que concluiu o curso de Ciências Econômicas na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), do campus de Cascavel. São diversas situações que ele enfrentou diariamente, mas com determinação e alegria, conseguiu vencê-las. Ele nasceu com sequelas devido a uma paralisia cerebral que resultou em tetraplegia. Após sete tentativas, em 2014, Marciel conquistou sua vaga no curso dos sonhos. “Minha entrada foi espetacular. Todos me acolheram muito bem. Os professores foram sensacionais, sempre me trataram como qualquer outro aluno.”, diz ele com sorriso no rosto.
Leticia Goulart é professora do Programa de Educação Especial (PEE) da Instituição. De acordo com ela o atendimento é feito desde quando o estudante passa no vestibular até a sua formação. “A Unioeste tem desde o vestibular toda uma adaptação aos alunos especiais. Na graduação, depende muito da necessidade de cada universitário em receber determinado atendimento. No caso do Marciel, os atendimentos foram todos em sala, na função transcritor/ledor para a escrita e durante as provas. Ele tinha uma carteira própria para usar durante as aulas”. Além disso, ela lembra que os professores também recebem orientações sobre o aluno e qual a melhor didática para ensiná-los de forma efetiva e igualitária. “Logo no início do ano quando um aluno entra na universidade, ele já nos procura para fazermos uma reunião com o colegiado para orientações e a escolha da melhor forma de adaptação, tanto aluno quanto professores. Com o passar dos anos, novas reuniões com outros professores são realizadas até o término da graduação”.
Assim como Leticia que em seu depoimento disse dos desafios referentes aos docentes, para Kátia Fabiane Rodrigues, professora do curso de Ciências Econômicas, não foi diferente. “O maior desafio foi na comunicação. Marciel tem dificuldades na comunicação e durante as primeiras orientações era o receio que tive, já que foi o primeiro aluno especial com quem tive contato em sala. Entretanto, com o passar dos anos, a gente foi se entendendo nas expressões e tudo dando tempo ao tempo. Nos comunicávamos também por meio de caixas de diálogos, durante as correções de TCC”. Para mais, quando questionada sobre a sensação agora vendo-o se formando, ela diz: “o sentimento é de dever cumprido e um orgulho imenso de saber que nós conseguimos – dadas as nossas limitações de lidar com ele – ajudar com que se formasse. Tirou nota máxima no TCC. Nós aprendemos mutuamente. É um menino que transborda alegria. Um menino que não desiste diante dos obstáculos. Além disso, mostrou a todos os professores o quão importante é não desistirmos, de sempre estarmos lidando com as nossas dificuldades na maneira em que possamos vencê-las”.
Marciel conclui sua graduação este ano e consigo levará muitas lembranças. “Saio daqui muito feliz. Lembrarei todos os dias dos meus colegas que foram incríveis, sempre me ajudaram com os conteúdos. Fizemos diversas brincadeiras, trotes, gincanas, jogos da atlética. São boas recordações desses seis anos que estive aqui”. No entanto ele já pensa em fazer uma pós-graduação. “Já trabalho na área, meu objetivo agora é crescer cada vez mais e mostrar que nenhuma dificuldade me fará desistir dos meus sonhos”
Texto: Luis Gustavo
Foto: Andréa Pasquetti