Engenharia Agrícola da Unioeste completa 44 anos de criação
Nesse mês de agosto, o curso de Engenharia Agrícola da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), campus de Cascavel, completa 44 anos de criação. Formando profissionais competentes, contribuindo com a pesquisa e prestando serviços à comunidade, essas são algumas das realizações executadas que são aprimoradas pelo curso desde a época de sua instalação, e isso acontece graças aos esforços dos profissionais que fazem parte dessa trajetória e participaram ativamente do progresso do curso durante esses 44 anos.
O começo de tudo
O curso de Engenharia Agrícola passou a ser ofertado como opção profissional no Brasil a partir de 1973. Neste ano, a Universidade Federal de Pelotas/Rio Grande do Sul criou a primeira graduação no país como consequência estratégica de trabalhos que envolveram diferentes órgãos, como o Instituto Interamericano de Ciências Agrárias, da Organização dos Estados Americanos (OEA), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), renomadas universidades e a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Esses trabalhos concluíram pela necessidade de um profissional, no Brasil, que reunisse condições de aplicar a Engenharia às diferentes necessidades da atividade agrícola. Na sequência, a Universidade Federal de Viçosa/Minas Gerais (UFV), a Universidade Federal de Lavras/Minas Gerais (UFLA) e a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) iniciaram seus cursos de Engenharia Agrícola. O primeiro currículo mínimo do curso, aprovado pelo Conselho Federal de Educação foi na data do mês de agosto de 1974.
No Estado do Paraná, o primeiro curso de Engenharia Agrícola foi implantado na Unioeste, na época chamada de Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FECIVEL), do campus de Cascavel, tendo iniciado suas atividades em agosto de 1979. Portanto o curso de Engenharia Agrícola da Unioeste foi, na história do Brasil, o quinto curso a iniciar suas atividades de formação. Desde sua implantação foram formados inúmeros profissionais Engenheiros Agrícolas na instituição.
Estrutura e reconhecimento
O curso, desde sua criação, sempre manteve a exigência do Trabalho de Conclusão de Curso em sua grade. A partir de 1996, o Projeto Político- Pedagógico (PPP) incorporou a oferta das disciplinas Optativas, o Estágio Supervisionado Obrigatório e as Atividades Acadêmicas Complementares. A média geral de concorrência para o curso foi da ordem de 4 candidatos por vaga. Atualmente o curso de Bacharel em Engenharia Agrícola está com aproximadamente 150 alunos matriculados e tem no mínimo 5 anos para a formação.
A partir do final da década de 80 e início da década de 90, houve significativa mobilização da equipe docente para atingir qualificação ao nível de mestrado e doutorado. Não é surpresa, que esta equipe de professores tenha trabalhado tanto para conquistar os primeiros cursos de pós-graduação stricto-sensu em mestrado e doutorado da Unioeste. O mestrado foi iniciado em 1997 e o doutorado em 2006. Atualmente, existem dois programas de pós-graduação stricto-sensu associados à equipe do curso. O Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola (PGEAGRI) com 458 Mestres e 210 Doutores, avaliado em conceito 5 pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e o Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Energia na Agricultura (PPGEA) com 258 Mestres e 10 Doutores, avaliado em conceito 4 pela CAPES. Essa realidade permite o efetivo envolvimento de acadêmicos do curso com a realidade da pesquisa. Atualmente, o curso conta com 36 docentes atuantes, sendo 4 mestres, 20 doutores e 12 pós-doutores. Entre os anos de 2008 e 2021, houve envolvimento formal de mais de 450 acadêmicos em projetos de iniciação científica, a grande maioria com bolsa.
Em questão da avaliação externa, o curso apresentou, no ano de 2008, o Conceito Preliminar de Curso (CPC), igual a 4, atribuído pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP). Em novembro de 2022, O Guia da Faculdade, publicado e elaborado pelo Estadão, destaca o curso de Engenharia Agrícola no Campus de Cascavel com nota 5. Esse reconhecimento foi atingido por mais dois cursos de Engenharia Agrícola no país. O Guia da Faculdade é resultado de uma parceria firmada em 2018 entre o Estadão e a Quero Educação, uma das principais startups brasileiras na área educacional. A empresa é responsável pelo processo de avaliação de cursos, incluindo a metodologia aplicada, coleta de informações das instituições de ensino, definição de avaliadores e tabulação de dados. Os resultados são divulgados exclusivamente nas plataformas do jornal O Estado de São Paulo. Além disso, o curso tem sua avaliação de 4,6 realizado pela Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Estado do Paraná (SETI) em dezembro de 2021.
Prêmios
Os acadêmicos e docentes do curso contam com diversas participações em eventos nos quais os seus trabalhos são reconhecidos e premiados. Uma das grandes conquistas aconteceu no último Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola (CONBEA/2022) onde a Unioeste recebeu seis prêmios. Outras premiações aparecem na trajetória do curso, como Prêmio Gerdau Melhores da Terra (2008); 22° Prêmio Paranaense de Ciência e Tecnologia, área Ciências Agrárias, Governo do Estado do Paraná/ Secretaria Estadual da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (2008); 27º Prêmio Paranaense de Ciência e Tecnologia -Ciências Agrárias - Categoria Estudante de Graduação., Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (2014); Melhor Artigo Científico da área Ciências Agrárias "Avaliação de área desmatada e reflorestada no município de Cascavel utilizando imagens sintéticas geradas pelo algoritmo STARFM", 4º Encontro Anual de Iniciação Científica, Tecnológicas e Inovação (2018); 33° Prêmio Paranaense de Ciência e Tecnologia, área de Ciências Agrárias, Governo do Estado do Paraná/ Secretaria Estadual da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (2020). Alguns Trabalhos de Conclusão de Curso também foram premiados. Prêmio TCC Destaque 1° Lugar em Agrimensura, Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (CREA/PR, 2018); Prêmio TCC Destaque como 2° Lugar Área de Agrimensura, Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (CREA/PR, 2020); Prêmio TCC Destaque como 2° Lugar Área de Agronomia, Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (CREA/PR, 2021).
Depoimentos
No ensino médio, pensamos em diversas profissões que podemos seguir no futuro, e chegar na faculdade se torna um passo para a realização de um grande sonho. Chegando na faculdade, encontramos o desconhecido e as incertezas sobre se formar um bom profissional na área escolhida. No curso de Engenharia Agrícola não é diferente. Muitas das pessoas que passaram pelo curso sentiram todos esses sentimentos ao longo de sua construção, mas todo esse caminho se tornou recompensador quando a paixão pela profissão falou mais forte, mostrando que o curso de Engenharia Agrícola não tem o propósito de formar Engenheiros, mas sim de tornar Engenheiros.
Uma dessas pessoas é o coordenador do curso de Engenharia Agrícola, professor doutor Erivelto Mercante, que compartilhava com a família de agricultores o amor pela profissão. A sua história com a Unioeste começou ainda como aluno da Instituição e hoje ele volta no tempo para contar um pouco sobre os 44 anos do curso, dessa vez como coordenador. “Eu cheguei na Unioeste em 1995, ingressei como professor em 2007, por um concurso público e foi um sonho realizado pois eu voltei para casa após realizar o meu doutorado na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Então nós criamos um laço com o curso e com a instituição. Todos que passaram por aqui deixaram a sua contribuição, nós planejamos fazer encontros de aniversário do curso, principalmente os de 45 anos a ocorrer no próximo ano, para juntar todos os profissionais que passaram pelo curso ou estão aqui, para trocar experiências com os discentes e buscar um canal de comunicação de quem se formou a alguns anos atrás e quem está estudando no mesmo curso agora. Podemos dizer que o curso cresceu muito nesses 44 anos, e nós podemos ver evidências em relação a isso, já que o curso possuí dois mestrados e dois doutorados em uma região muito agrícola, esses dois mestrados e doutorados envolvem muito a dinâmica de empresas do setor agrícola para dentro da Universidade. Então esse é o diferencial do curso de Engenharia Agrícola, estamos em uma região muito agrícola e temos muito envolvimento com tudo o que a agricultura proporciona, nossos egressos têm muitas oportunidades de trabalhos aqui mesmo na região, eles estão atuando como Engenheiros Agrícolas nas mais diversas empresas ligadas ao setor agrícola do Paraná e em outras regiões agrícolas do Brasil ou de outros países, a exemplo o Paraguai. Além disso temos o material humano dos professores que passaram, que estão aqui e os que vão chegar que são muito bem formados. Sobre a Unioeste a gente vê o crescimento da instituição. Hoje nós temos laboratórios que servem muito bem aos alunos e a comunidade, e é uma satisfação fazer parte desse time”, disse o coordenador.
Formado em 1984 quando a Unioeste era conhecida como FECIVEL, Alfredo Petrauski o professor doutor do curso de Engenharia Agrícola e Engenharia Civil, relata o início do Programa de Pós-graduação. “Tendo me formado em 1984, eu fui imediatamente realizar o meu mestrado em 1986 e logo em seguida me vinculei a Unioeste na condição de professor. O curso de Engenharia Agrícola da Unioeste, começou a apostar muito na qualificação do corpo docente nos anos 80, e isso foi muito visível no curso. Hoje nós temos no mínimo a responsabilidade como equipe frente ao curso, e nós temos dois programas de mestrado e doutorado no âmbito das áreas de conhecimento da Engenharia Agrícola. Isso foi tudo consequência de uma mobilização de equipe para priorizar a qualificação do corpo docente, pois muitos egressos nossos se tornaram docentes inclusive em outras instituições de ensino superior. Hoje, comparando com a realidade do país, nós sejamos o curso que tem equipes formadas com no mínimo dois docentes com titulação de doutor, nas diferentes áreas de conhecimento do curso. Isso é uma grande vantagem para oferecer um ensino melhor”.
O professor também fala um pouco das mudanças que ele acompanhou no curso durante esses anos. “Na evolução desses 44 anos que muito nos orgulha, para além da qualificação, nós também conseguimos muitos projetos de pesquisa e trabalhos aprovados nas estancias ao longo das gestões do curso. Além de adequadamente ir equipando os laboratórios, hoje nós temos uma expressiva área física de laboratórios consolidados nas diferentes áreas de conhecimento. Esse mérito também é das pessoas que estão à frente dos Programas de Pós-graduação do curso, que sempre estão empenhadas em melhorar a estrutura de pesquisa, e graças a isso nós estamos conseguindo dar cada vez mais visão e ação no sentido de usar os recursos disponibilizados. Uma prova disso são as atividades de campo, assim as funções próprias da engenharia agrícola são expostas em atividades práticas.”
Formada na Universidade Estadual de São Paulo, em 1985 a professora doutora Lúcia Helena Pereira Nóbrega começou a dar aulas no curso de Engenharia Agrícola na então FECIVEL. Com 38 anos de universidade, a professora conta como a sua trajetória se misturou com a do curso de Engenharia Agrícola e hoje é difícil até pensar em aposentadoria. “Ao mesmo tempo que o Programa de Pós-graduação se consolidava, ele estruturava também o curso. Isso foi muito positivo, pois desenvolveu um vínculo maior com a universidade, a Unioeste deixou de ser só um lugar de passagem da graduação, os alunos começaram a ficar e eu também fui ficando como se fosse a minha casa. A cada ano que eu passei aqui, eu pude ver essa evolução, que ocorreu graças aos coordenadores e professores que estavam empenhados para que houvesse um reconhecimento do profissional de Engenharia Agrícola. Hoje o Brasil todo sabe quem é o Engenheiro Agrícola e onde é a nossa universidade”.
Quando fala sobre o curso e sua carreira, o amor fica nítido em suas palavras que resgatam a lembrança e descrevem um futuro em construção. “Eu falo que me formei em Engenharia Agrícola de coração, é muito envolvimento com várias coisas e vários processos que acontecem na universidade, pois ela é muito dinâmica”.