Ceapac: crianças passam por cirurgia inédita no Oeste para correção de anomalia craniana
Cinco crianças tiveram a oportunidade de ter uma nova vida depois de realizarem uma cirurgia de alta complexidade no Hospital Universitário do Oeste do Paraná (Huop). A cirurgia é para a correção de uma anomalia no crânio, chamado cranioestenose, condição rara que causa pressão no cérebro e pode ocasionar déficit motor, crises convulsivas, e sequelas a longo prazo. A cirurgia conta com técnicas inovadoras e foi realizada pela primeira vez no Oeste do Paraná. Thomas Lucca Leite Chaves, foi uma das crianças que aguardava a cirurgia e passou pelo procedimento. A mãe Isabelle Carolina Leite Chaves conta que ficou apreensiva, mas sabia que mudaria a vida de Thomas. “Fiquei aliviada e nervosa ao saber que chegou o momento de o Thomas fazer a cirurgia, mas é para o bem dele”, diz a mãe. Os procedimentos em todas as crianças foram um sucesso, as cinco saem do Huop a caminho de uma nova vida.
As crianças são acompanhadas pelo Centro de Atenção e Pesquisa em Anomalias Crânio Faciais (Ceapac). A cirurgia foi possibilitada em parceria com especialistas de outras instituições: a neurocirurgiã pediátrica, Giselle Coelho, e o cirurgião plástico, Maurício Yoshida. Para o procedimento, a equipe utiliza um modelo cirúrgico que beneficia o trabalho dos profissionais no planejamento da cirurgia. “Esse planejamento é excelente para nós, cirurgiões mais experientes e para os residentes, pois podem treinar a técnica antes da cirurgia real. Também é interessante pois podemos prever complicações, muitas vezes mudamos o acesso cirúrgico de acordo com a anatomia do paciente, isso muda o radicalmente o resultado da cirurgia”, diz a neurocirurgiã, Giselle Coelho.
A cirurgia demanda de uma equipe multidisciplinar para a realização. O Cirurgião Plástico, Maurício explica a importância dessa equipe no momento do procedimento. “Temos um olhar diferente do neurocirurgião, então a gente acaba juntando forças. Essas crianças especificamente, tem uma deformidade na forma do crânio, então o objetivo da cirurgia plástica é conseguir modelar o osso de forma de ter um ganho maior na parte estética craniofacial pós operatório”, explica.
TÉCNICA INOVADORA
A cirurgia é estipulada para ser finalizada entre duas a quatro horas. Para que o resultado seja fiel ao esperado, o planejamento também é realista. “É uma técnica bem diferente, e em razão da alta complexidade, haverá uma simulação em um molde 3D, que possibilita um planejamento da cirurgia ainda melhor, ganhando tempo de cirurgia, e consequentemente menos tempo dessa criança em transfusão de sangue e em recuperação em uma Unidade de Terapia Intensiva”, explica Lázaro Lima, neurocirurgião do Huop.
Essa é uma técnica idealizada aqui no Brasil e o Paraná é o terceiro estado do país a realizar uma cirurgia com a simulação. Além disso, segundo Giselle, todo o planejamento colabora durante o procedimento real e até mesmo o pós operatório. “Nós temos uma redução do tempo operatório, porque já vamos com as medidas milimetricamente definidas para a cirurgia, redução do tempo de anestesia, redução da perda sanguínea, consequentemente a redução da internação, com melhor recuperação, não só funcional, mas também estética”, completa Giselle.
CEAPAC
Atualmente, crianças com essa necessidade de cirurgia se deslocam até Curitiba. “É uma condição raríssima, e essa é a importância do Ceapac, pois embora sejam raras, há uma frequência importante, e por isso, a necessidade de fortalecer nossa equipe para que elas possam fazer as consultas, exames e todo o pré-operatório na nossa região, sem necessidade de um deslocamento. Pretendemos enriquecer nosso quadro de experiência dos nossos cirurgiões a fim de atender e melhorar a qualidade de vida dos nossos pacientes”, enfatiza a coordenadora do Ceapac, Mariângela Baltazar.
Para a instituição, é um sonho realizado. Receber essa tecnologia, junto com profissionais, é um privilégio e essencial para o ensino e para os pacientes. “É muito importante ter essa troca de experiência, esse aperfeiçoamento dos nossos cirurgiões em técnicas avançadas, e principalmente na condição acadêmica, na condição de ensino”, finaliza Mariângela.
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