Huop realiza exposição de artesanato feito por pacientes da ala de desintoxicação e alerta sobre uso de drogas
“Se é natural por que faz mal?”. A pergunta se refere à droga mais consumida e muito conhecida por ser natural: maconha. Nesse sábado (26), Dia Internacional contra o Abuso e Tráfico Ilícito de Drogas, a equipe do Hospital Universitário do Oeste do Paraná (Huop) faz o alerta sobre o uso de drogas e os danos que estas podem causar, mesmo sendo ‘naturais’. Entre os prejuízos apontados pela médica psiquiátrica da unidade de desintoxicação e representante do Huop no Conselho Municipal de Políticas Sobre Drogas (Comad), Julia Farage Saito, está o vício. “Dez por cento das pessoas que usam maconha se tornam dependentes. Essa taxa é ainda maior quando o uso se inicia na infância e adolescência. Ainda a maconha traz um grande prejuízo na atenção e na memória, estando muito associada ao abandono escolar. Reduz pontos de QI, que mede a inteligência da pessoa. Além disso, pode estar associado fortemente a surtos psicóticos, que é quando a pessoa sai da realidade, escuta vozes, acha que está sendo perseguida. Esse é um quadro psiquiátrico bem grave causado por essa droga”, explica.
Ainda segundo a médica, a maconha pode desencadear ou instabilizar outros quadros de doença mental, como transtorno do pânico, depressão, esquizofrenia e transtorno bipolar. “Essa droga também costuma gerar uma síndrome amotivacional, que também é conhecida com síndrome da samambaia. Parece depressão, mas não é. A pessoa fica sem motivação para nada, não tem iniciativa para fazer nada, deixa tudo para depois e acaba ficando parada, sem fazer nada da vida”, afirma. “É importante que as pessoas saibam desses riscos para poderem fazer uma escolha consciente sobre usar ou não usar maconha, por exemplo”, ressalta Julia.
UNIDADE DE DESINTOXICAÇÃO
Na unidade de desintoxicação do Huop, a maioria dos pacientes internados tiveram contato com a maconha, além de outras drogas. Estes, aprendem sobre os danos logo no início do internamento, e para deixar de lado o uso destas substâncias, outras atividades são incluídas na rotina. “O uso de drogas empobrece a vida da pessoa que tem o vício. Ela deixa de participar de atividades prazerosas, como almoço de família ou jogar futebol com amigos, para viver envolvida em conseguir a droga, consumir a droga e se recuperar do uso da droga, para então voltar a conseguir a droga, consumir e se recuperar do uso. E conforme a pessoa vai ficando sem a droga também é importante ir colocando pequenos prazeres de volta nessa vida, como disputar uma partida de futebol, jogar pingue-pongue, participar de Festa Junina, as atividades externas são extremamente importantes nesse tratamento”, afirma Julia.
São em média 350 crianças e adolescentes atendidos anualmente, encaminhados via Central de Leitos. Os pacientes são oriundos de todos os municípios da região, contemplando cerca de 25 regionais. No Huop, pacientes até 18 anos incompletos podem ser atendidos, e o processo de desintoxicação demora em média de 30 a 40 dias.
SEMANA DE PREVENÇÃO E ENFRENTAMENTO ÀS DROGAS
Como parte da programação da Semana de Prevenção e Enfrentamento às drogas, nesse sábado (26), Dia Internacional contra o Abuso e Tráfico Ilícito de Drogas, os adolescentes entregaram alguns panfletos orientando sobre os perigos da maconha. “Decidimos inovar na estética do material entregue. Geralmente as campanhas oficiais usam uma linguagem visual muito distante do universo dos usuários. Nós optamos por outra linguagem, porque nosso objetivo é combater a desinformação, por isso, precisamos acessar o máximo possível de pessoas. Além disso, é importante que esses adolescentes participem dessas ações externas, pois o objetivo não é isolá-los, mas sim que eles possam aprender com o conteúdo que será entregue”, ressalta o assistente social e representante do Huop no Conselho Municipal de Políticas Sobre Drogas (Comad), Anderson Tosti.
Já no domingo (27), os pacientes irão expor alguns dos trabalhos de artesanato realizados durante o internamento na Feira do Teatro, a partir das 9h. “É uma forma de mostrar a ‘cara’ do nosso trabalho com os pacientes. De desmistificar o tratamento psiquiátrico e a internação psiquiátrica na dependência de drogas”, diz a médica psiquiátrica.
Além disso, é o momento de disseminar a informação correta sobre as drogas. “Para decidir pelo uso ou não da droga é preciso ter informação de qualidade. Todas as drogas dão prazer, mas trazem junto com ela riscos, e que não são pequenos”, finaliza a médica.
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