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Toledo: Professora fala sobre o luto em tempos de Pandemia

A antropóloga e professora da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Andréia Vicente da Silva, do campus de Toledo, efetuou recentemente um estudo sobre como a pandemia levou os brasileiros a reinventarem o luto e novas formas a partir de ferramentas que emergiram com o isolamento.

O trabalho foi publicado no site DW* em 30 de julho, que partiu de um boletim, divulgado no dia 22 de abril, em que Andréia escreveu um artigo intitulado “Velórios em tempos de Covid-19”. O boletim é da Associação Brasileira de Antropologia (ABA) em convênio com a Associação nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (ANPOCS) e com a Associação de Cientistas Sociais da Religião do Mercosul (ACSRM). De acordo com a antropóloga, o site possui diversos boletins de pesquisadores das ciências sociais de vários lugares do mundo. “Eu pesquiso sobre a morte há vários anos e agora no contexto da pandemia, eu estou produzindo a respeito disso”.

No artigo em que escreveu, a professora retrata sobre o manual publicado pelo Ministério da Saúde que aborda diretrizes sobre o “Manejo dos Corpos no contexto do novo coronavírus Covid-19”. Além disso, a autora fala sobre os riscos de contaminação desde o momento em que o falecido está internado, em isolamento. “Uma frustração enorme é relatada por aqueles que precisaram permitir que seus queridos tivessem uma finitude isolada. Os enlutados narram enorme tristeza quando se recordam que não puderam se aproximar e tocar os seus parentes quando ainda estavam com vida”, diz. Andréia comenta que essa nova realidade foi a que motivou a escrever para o boletim. “O número de mortes que estão ocorrendo e as violações dos direitos que as famílias estão enfrentando de ritualizar seus entes mortos. Logo que a pandemia deu início, o protocolo sanitário impede que esses rituais sejam realizados, e comecei a perceber que as pessoas estavam sofrendo com essa determinação, pois eles eram proibidos de se despedirem do falecido”, conclui.

A professora sugere que a família, amigos e conhecidos contem histórias sobre os entes falecidos, em uma forma de proporcionar consolo, em páginas especialmente criadas na internet ou em grupos do Facebook. "A celebração dos mortos da covid-19, vítimas de um trauma coletivo, pode criar um senso de identificação com outros enlutados e ajudá-los a gerenciar melhor sua própria dor".

Andréia possui graduação em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2001), mestrado em Antropologia pela Universidade Federal Fluminense (2005) e doutorado em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2011) com período sanduíche na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais - EHESS, Paris (2009-2010). Atualmente é professora adjunta da Universidade Estadual do Oeste do Paraná e Membro Efetivo da Associação Brasileira de Antropologia. Tem experiência na área de Antropologia, com ênfase em Antropologia da Religião, Antropologia Urbana, Estudos de Rituais, Antropologia da Morte.

Para ter acesso na íntegra ao material que a professora deu entrevista, acesse o link disponível em: https://www.dw.com/pt-br/pandemia-leva-brasileiros-a-reinventar-o-luto-por-seus-mortos/a-54452418?maca=pt-BR-Whatsapp-sharing

*A Deutsche Welle (DW) é a emissora internacional da Alemanha que oferece conteúdo jornalístico a pessoas em todo o mundo.

Por Luis Gustavo

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