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Unioeste: Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes é abordada com seriedade e chamando sociedade para o debate

 Estatísticas que expõem a dor, que marcam vidas de inocentes: 51% das crianças sexualmente abusadas têm de 1 a 5 anos. 70% das 527 mil pessoas estupradas no Brasil, anualmente, são crianças e adolescentes. A cada 1 hora, 4 meninas de até 13 anos sofrem abuso sexual. Esses números, são apenas alguns, dos apurados, levantados e evidenciados para a plateia que lotou o anfiteatro da Unioeste neste início de semana e que trazem a público a realidade sobre a Violência e Exploração de crianças e adolescentes.

Esse cenário de impacto deu o tom do evento promovido pela Rede de Atenção e Proteção Social de Cascavel e Unioeste, em parceria com o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescentes e Secretaria Municipal de Assistência Social.

Foram meses de estudos, busca por profissionais e referências na área para oferecer qualidade e seriedade que o assunto exige. O evento realizado na Unioeste recebeu o título “Violência sexual contra crianças e adolescentes: Marcas para toda vida” e começou aos poucos, ainda em 2022, quando a Professora Dra. Andréa Cristina Martelli, docente de Pedagogia em Cascavel esteve à frente de uma palestra a convite da Rede de Atenção e Proteção Social de Cascavel e colocou à disposição o Grupo de estudos sobre educação e sexualidade - GEPEX para um projeto de extensão. O resultado? Um evento reunindo mais de 400 participantes inscritos e com a presença de autoridades relevantes para o enfrentamento à exploração e violência infantil em toda região.

Impacto

Logo no início do evento foi possível entender a magnitude e necessidade de que as pessoas realmente se sentissem incomodadas com os dados apresentados. A cada triste estatística, um som estrondoso surgia, mexia com cada um que estava na plateia, essa era a intenção. Trazer à tona o que acontece diariamante com crianças e adolescentes no país requer esse chacoalhão. Na sequência, crianças de um projeto social de Cascavel cantaram, ou melhor, entoaram músicas que deixavam claro o que a infância precisa: de cuidado, atenção, educação, lazer, segurança. E ao longo do dia foi possível perceber o cuidado da equipe organizadora para trazer essa abordagem que precisa chegar a todas as famílias, inclusive com a realização de uma mesa redonda com a delegada do NUCRIA ( Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes) Mariana Antonieta Manso Vieira e também com a Juliana Molina Constantino, mãe, advogada, psicóloga, ativista do enfrentamento a violência sexual infantil e palestrante sobre o tema desde 2016, escritora o livro infantil RABICHO E O CARINHO ESQUISITO, que é sobrevivente de abusos na infância.

Nós conversarmos com a Professora Dra. Andréa Cristina Martelli, coordenadora do evento, ao lado da subcoordenadora Professora Dra. Solange de Fátima Reis Conterno, docente de Enfermagem. Martelli fez questão de deixar claro que tudo só foi possível graças ao comprometimento de uma grande equipe representadas por profissionais da Rede e do GEPEX. Confira a entrevista completa:
 
Falar sobre violência sexual contra crianças e adolescentes é um tema importante para nossa sociedade. Como foi organizado esse evento ?

Em 2022, a Rede de Atenção e Proteção Social de Cascavel me convidou para proferir uma palestra, nesse dia coloquei o Projeto de extensão e Grupo de estudos sobre educação e sexualidade - GEPEX à disposição para o desenvolvimento de um projeto de extensão para as e os profissionais da rede. Essa parceria foi e é construída ao longo do ano, no desenvolvimento do projeto de extensão “Diálogos sobre violências: infância, adolescência, gênero e sexualidade” realizado mensalmente com um grupo de 50 profissionais, sob minha coordenação e subcordenação da professora Solange Reis.

O evento “Violência sexual contra crianças e adolescentes: Marcas para toda vida” é resultado dessa parceria, mas além disso é o fruto de pessoas que lutam cotidianamente no enfrentamento a qualquer modalidade de violência contra crianças e adolescentes.
 
Durante toda a semana o município realizará ações. O primeiro dia foi na Unioeste, graças a uma parceria de grande relevância. Me fale sobre a importância da Universidade estar envolvida em algo tão relevante para toda população?

A universidade tem por excelência a produção do conhecimento, mas, precisamos ultrapassar a base de dados, sites, publicações, currículos, precisamos mediar esse conhecimento com a população. E profissionalmente, acredito que a extensão universitária é a forma de contribuir com a sociedade a enfrentar seus problemas e, no caso, específico do evento, temos pesquisadoras dessa área que fizeram sua qualificação em temas afins e propõe atividades de extensão à comunidade sobre violências, sexualidade, gênero, educação sexual.
 
O que foi levado em conta para a realização desse evento? Quais os pontos principais abordados pela equipe organizadora?

Todos os detalhes do evento foram discutidos pela comissão organizadora representada por profissionais da Rede e do GEPEX. Realizamos reuniões para elaborar a atividade com o intuito de sensibilizar os e as participantes da responsabilidade social de cada um no enfrentamento à essa modalidade de violência; entender conceitos teóricos e metodológicos e compartilhar experiências pedagógicas e pessoais com o fenômeno em questão.
 
O coral que abriu as atividades emocionou a todos, mostrar esses talentos é também uma forma de evidenciar a forma que a infância deve ser tratada?

O projeto Coral Rouxinol/ EURECA I, ultrapassa as barreiras da música, ele vai muito além, através do Coral, as crianças e adolescentes estão conseguindo reconstruir e fortalecer vínculos de afeto, cuidado e proteção.
Participar da abertura de um evento como o de hoje, até pouco tempo para a maioria dessas crianças, era imaginável, mas que com o trabalho que é desenvolvido através desse Projeto que é patrocinado pela Unimed Cascavel, hoje elas têm a certeza que podem estar onde quiserem.
A cultura, nesse caso a música, é um sopro para essas crianças que em sua vida tão limitadas em todos os aspectos. A arte nos salva das nossas dores e nos ajuda a ressignifica-las.
 
Para que tudo saísse perfeito, quem esteve na organização?

Organização: Rede De Atenção E Proteção Social De Cascavel E Grupo De Estudos Sobre Educação E Sexualidade - GEPEX
Apoio: Centro de Educação, Comunicação e Artes - CECA, Liga Acadêmica De Educação Em Saúde – LAES, Campus, Unioeste, Conselho Municipal Dos Direitos Da Criança E Do Adolescente - CMDCA E Secretaria Municipal De Assistência Social
 
Para finalizar, uma análise do que foi realizado e principalmente onde esperam chegar com esse tipo de encontro envolvendo tantas esferas da sociedade?

Na composição da mesa de honra fizemos a questão de convidar os e as representantes do poder judiciário, da educação, da saúde, da assistência social, das instituições que atendem crianças e da universidade, no sentido de criarmos esse sentimento de corresponsabilidade no enfrentamento a essa violência que é multifatorial e precisa de toda sociedade assumindo sua parte.

A atividade contou com um público bem heterogêneo, docentes universitários, acadêmicos (as), psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros, estudantes de Ensino Médio, entre outros profissionais.

Acredito na potência de eventos como esse, no entanto, essa campanha não pode se restringir a um mês do ano e, muito menos, a um evento. Precisamos desenvolver um trabalho coletivo: Políticas Públicas e condições de sua implementação, Trabalho em Rede e Educação Sexual.

A educação sexual emancipatória, desenvolvida pela escola e instituições que atendam crianças e adolescentes, articulada às políticas públicas e ao trabalho em rede seja o melhor instrumento para enfrentar esse fenômeno social que tem roubado a infância de nossas crianças, junto com os sonhos e planos dos e das adolescentes, uma vez que as consequências da violência sexual, independentemente, da modalidade, deixam cicatrizes na vida das vítimas.
 
Texto: Thiago Leandro

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