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Unioeste celebra o Dia do Filósofo com reflexão sobre o papel transformador da Filosofia na educação

Em comemoração ao Dia do Filósofo, celebrado neste sábado (16), a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), campus de Toledo, presta homenagem ao professor José Luiz Ames, docente aposentado do curso de Filosofia e uma das figuras mais marcantes na consolidação da vida universitária na região oeste. Com 34 anos de atuação na instituição, ele participou desde os primeiros momentos da estruturação da Unioeste como universidade multicampi, protagonizou a criação dos programas de pós-graduação em Filosofia, e viu a formação filosófica se tornar cada vez mais necessária frente aos desafios da sociedade contemporânea.

Em 1988, o professor José Luiz chegou à então Faculdade de Ciências Humanas Arnaldo Busato (FACITOL) trazendo em sua bagagem o título de mestre em Filosofia e a disposição para construir, com pensamento e ação, um projeto acadêmico ousado no interior do Paraná. O curso de Filosofia da Unioeste, campus de Toledo, já existia desde 1980, nascido da iniciativa da Diocese para garantir formação aos seminaristas da região. Mas era naquele momento, com a transição da FACITOL para a futura Unioeste que se desenhava um novo capítulo para o curso e para a história do ensino superior regional.

Quando o professor José Luiz chegou à instituição, a maioria dos estudantes ainda era composta por seminaristas. Mas o cenário começava a mudar. “A vinda de docentes oriundos de diferentes centros de formação do país produziu as condições para a mudança gradativa do perfil do curso”, recorda. Ele foi o primeiro docente da casa com mestrado em Filosofia, e sua chegada marcou o início de uma exigência institucional por qualificação stricto sensu nos concursos docentes.

Para o professor José Luiz, o papel da Filosofia é pensar aquilo que está antes e depois das respostas. Enquanto as ciências buscam soluções para problemas concretos, a Filosofia interroga as implicações dessas soluções. Ética, meio ambiente, economia, tecnologia, tudo pode e deve ser problematizado. “Toda vez que a ciência dá origem a uma descoberta, ela oferece uma resposta. Mas essa resposta tem implicações que excedem à ciência”, explica. A função do filósofo é trazer à luz essas implicações, tornando-se uma figura essencial para o futuro da humanidade.

O professor destaca que o filósofo é, por natureza, uma figura incômoda, pois questiona o que parece definitivo. “As perguntas ficam, enquanto as respostas passam”, afirma. Talvez por isso, ele sugere, haja uma crise de interesse nos cursos de Filosofia. “A redução da procura tem a ver com a maneira como a investigação filosófica é realizada. Precisamos formar filósofos que problematizam o real, e não apenas comentadores de textos clássicos.”

Ao longo de mais de três décadas de docência, José Luiz atuou nos níveis de graduação, mestrado e doutorado. Ocupou cargos administrativos, como o de diretor da FACITOL e foi bolsista de produtividade do CNPq por 12 anos, reflexo de sua produção acadêmica consistente. Entre os marcos de sua trajetória, ele destaca a criação dos programas de pós-graduação e a participação na construção institucional da Unioeste.

Mas, acima de tudo, José Luiz se orgulha de ter sido professor. “Não consigo imaginar nada mais realizador que pudesse ter feito do que ser professor. Aprendi mais do que ensinei. Meus alunos foram os meus professores. Eles me fizeram um ser humano melhor, muito melhor.”

No Dia do Filósofo, José Luiz deixa uma mensagem profunda aos estudantes e à comunidade acadêmica: “Filosofia, antes de ser uma forma de conhecimento ou uma atividade profissional, é um modo de vida. ‘Viver filosoficamente’ é olhar o mundo como uma pergunta aberta.”

Na visão de José Luiz, o valor do pensamento filosófico está em sua capacidade de afastar o ser humano das crenças absolutas, abrindo espaço para a construção de um futuro mais consciente, ético e plural. “A humanidade terá tanto mais possibilidade de futuro quanto mais se afastar das crenças definitivas. E o profissional mais preparado para contribuir com isso é o filósofo.”

Assim, neste 16 de agosto, o nome do professor José Luiz se inscreve na memória institucional da Unioeste não apenas como um docente que marcou gerações, mas como um pensador que dedicou a vida a fazer da Filosofia uma prática vital, dentro e fora da universidade.

Texto: Alexsander Marques

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