Toledo: Unioeste promove palestra sobre uso de tecnologias de radiação em diferentes setores
Com foco em inovação, tecnologia e sustentabilidade, o AgriTech Symbiosis — HUB de Inovação da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), campus de Toledo — promoveu, na última quinta-feira (15), a palestra “Tecnologias das Radiações na Cadeia Agroalimentar: Inovação, Segurança e Sustentabilidade”. O evento, no período da manhã voltado para empresas, cooperativas e representantes do setor agroalimentar, contou com a presença do Dr. Carlos Alberto Zeituni, gerente do Centro de Tecnologia das Radiações (CETER) do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) e integrante da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN); do gerente do Escritório de Gestão de Projetos do IPEN, Fernando Moreira; e da secretária executiva Lúcia Moreira.
A atividade reuniu representantes de empresas de diferentes segmentos do setor agroalimentar e instituições desta área, que acompanharam as possibilidades de aplicação da radiação em processos industriais, com ênfase no agronegócio.
Durante sua apresentação, Dr. Zeituni destacou o potencial da radiação para aumentar a segurança sanitária dos alimentos, prolongar sua vida útil e tratar efluentes industriais. Dr. Zeituni também destacou a importância de fortalecer parcerias entre o Instituto, a Unioeste e a sociedade. “A grande vantagem das parcerias que fazemos é que a área de radiação ainda está muito concentrada nos órgãos da CNEN, localizados em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. O restante do Brasil, que também poderia utilizar essa tecnologia, muitas vezes não tem acesso. Só que nós, do IPEN, não conhecemos as necessidades específicas do Paraná. A Unioeste, por outro lado, conhece muito bem o setor agroalimentar do Oeste do Estado e suas demandas. Trabalhar juntos seria o ideal para todos, porque pesquisa nunca se faz sozinho — sempre precisamos de parceiros”, afirmou.
Para o reitor da Unioeste, professor Alexandre Webber, que visitou o IPEN em 2024, foi muito especial receber os pesquisadores na Universidade. “Pude compreender, durante a visita, toda a complexidade envolvida. Nós temos pessoas fantásticas e capacitadas no nosso país, mas a descontinuidade da pesquisa é o que impede o Brasil de ser uma grande potência. O que mais me chamou a atenção, além da grandiosidade das pesquisas, foi o amor das pessoas pelo que fazem e as possibilidades fantásticas que vi para ampliar a vida útil dos alimentos. São tecnologias que precisamos incorporar no nosso dia a dia, especialmente em uma região como a nossa, rica em produção agrícola e de alimentos”, comentou.
A diretora-geral do campus de Toledo, professora Patrícia Sala Battisti, reforçou a importância do evento. “Quero externar a nossa alegria com a presença do professor Carlos, do Fernando e da Lúcia. Esse convênio, apesar da burocracia envolvida, tem tudo para avançar. É uma oportunidade de unir as expertises da Unioeste, especialmente das áreas de Engenharia Química e Química, com a tecnologia das radiações, pensando na pujança da nossa região e no fortalecimento do setor agroalimentar.”
Já a pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação da Unioeste, professora Sanimar Busse, destacou a importância estratégica da parceria. “A visita ao IPEN foi marcante. Conhecer a estrutura e as pesquisas desenvolvidas lá abriu nossos horizontes. Fico muito feliz em saber que o convênio está avançando. Espero que possamos fortalecer esse vínculo e construir grandes projetos. É inspirador ver pessoas tão entusiasmadas e dedicadas à ciência brasileira, apesar dos desafios que enfrentamos.”
No período da tarde, o Dr. Zeituni participou de uma segunda atividade no campus da Unioeste em Toledo. Dessa vez, o público-alvo foi composto por estudantes de graduação e pós-graduação, professores e pesquisadores. A palestra, intitulada “Aplicações das Radiações na Indústria, Saúde e Meio Ambiente”, teve como objetivo ampliar o conhecimento sobre o uso das radiações em diferentes setores da sociedade, e desmistificar essa tecnologia, apresentar evidências científicas e ampliar o entendimento sobre seus benefícios e segurança do uso da radiação.
Durante a programação, os participantes puderam tirar dúvidas sobre as possibilidades de pesquisa em parceria com o IPEN e sobre a inserção de jovens cientistas em projetos interinstitucionais. Segundo a professora Mônica Lady Fiorese, coordenadora do HUB AgriTech Symbiosis, a presença do IPEN na Unioeste representa uma oportunidade estratégica para fortalecer a integração entre ciência, setor produtivo e academia. “Pela manhã, a palestra foi direcionada à cadeia agroalimentar, com a presença de empresários e profissionais do setor. O objetivo foi apresentar o potencial da tecnologia de irradiação em diversas aplicações, como a irradiação de grãos, o tratamento de efluentes, o aumento da vida de prateleira dos alimentos e a redução de perdas e desperdícios ao longo da cadeia produtiva. Um ponto de destaque foi a possibilidade de exportar alimentos com maior segurança, graças à redução da carga microbiana, preservando a qualidade dos produtos sem o uso intensivo de conservantes e aditivos químicos. A irradiação de alimentos é uma tecnologia limpa, segura e promissora, com forte potencial para contribuir com a sustentabilidade e a competitividade do setor agroalimentar do Paraná”, pontuou a docente.
O Hub de Inovação AgriTech Symbiosis se destaca em áreas como o aproveitamento e a transformação de matérias-primas secundárias do processamento de alimentos, especialmente do setor de proteínas, visando à produção de hidrolisados proteicos, colágeno, queratina, bioinsumos (como biochar e inoculantes de solo), compostos bioativos e biomateriais para aplicações em saúde e agricultura regenerativa. Em todas essas áreas, o uso da radiação surge como uma ferramenta promissora, destaca a coordenadora do HUB.
Além das pesquisas, o AgriTech Symbiosis, em seu formato Lab Multiusuário, se diferencia também pela prestação de serviços laboratoriais e técnicos à comunidade acadêmica e sociedade, com destaque para o setor de proteína animal. Unindo ensino, pesquisa, extensão e inovação tecnológica, sendo um eixo estratégico para o desenvolvimento sustentável da cadeia agroalimentar do Oeste do Paraná.
Texto: Alexsander Marques