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Francisco Beltrão: Unioeste desenvolve projeto com mulheres agricultoras

Projeto de extensão da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), campus de Francisco Beltrão, o Coletivo de Mulheres Agricultoras realiza atividades que visam a organização e dar visibilidade aos trabalhos realizados pelas mulheres do campo. Atualmente são 30 mulheres de instituições que representam o coletivo e reúnem centenas de outras.

Coordenado pela professora de Geografia, Roseli Alves dos Santos, as ações do coletivo passaram a ser no formato digital no último ano, entre elas o  dia da mulher foi celebrado de forma virtual com um público bastante urbano e com a presença de lideranças das organizações da agricultura familiar, diferentemente dos anos anteriores em que as mulheres do campo participavam.

Em novembro de 2020, foi realizado um encontro para o lançamento do Atlas da questão Agrária do Paraná com capítulo específico sobre gênero no campo que foi organizado pelo grupo Corpo, Gênero e Diversidade da Unioeste e para a professora Roseli, esse foi um momento importante para divulgar o trabalho das mulheres. “Tivemos um espaço para discutir a agroecologia e a participação das mulheres. Foi um momento importante para a divulgação do trabalho das mulheres, pois teve participação de pessoas de todo país”, comenta.

Outro trabalho realizado pelo coletivo foi a organização de um projeto para o resgate do cultivo das plantas medicinais, que mais tarde se transformou em uma associação própria. As mulheres começaram a cultivar as plantas medicinais individualmente em seus terrenos e lotes e hoje elas comercializam essas plantas em forma de chá para o programa de alimentação escolar do município. Para Daniela Celuppi, diretora do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Francisco Beltrão, o cultivo dessas ervas se deu pelo resgate da tradição. “Iniciamos um debate para resgatar o cultivo para as famílias, mais tarde, surgiu a ideia de ter uma renda, que foi surgindo na transversalidade do debate”, explica.

Feira

Uma das principais atividades do Coletivo foi a criação de uma feira de produtos sem agrotóxicos, que ocupava o espaço da Unioeste mas, que nesse momento da pandemia não está acontecendo presencialmente, mas sim por entrega delivery: as listas de produtos são enviadas na segunda feira pelo produtor e a entrega é feita na quarta-feira.

O projeto conta com um bolsista que tem a responsabilidade de acompanhar as atividades do Coletivo, inclusive da feira, “o que é trazido, preços, fazer o contato com os consumidores da feira e a divulgação nas redes sociais. Nesse momento os feirantes estão comercializando diretamente com os consumidores e o papel do bolsista é fazer a divulgação desses produtos”, explica a professora Roseli.

Para Fabiane Zanini dos Santos, que foi bolsista de 2018 a 2020, o Coletivo possibilitou o convívio com os produtores rurais. “Muito interessante, criei vários vínculos com as pessoas que frequentavam a feira e com as agricultoras. Era um espaço de convivência muito bacana, conversávamos sobre tudo, eu os ajudava a montar e desmontar a feira, eles falavam sobre a vida no campo, eu aprendi muito participando, só de falar bate uma saudade bem grande de poder estar presente na universidade”.

O coletivo

A ideia do Coletivo de Mulheres Agricultoras surgiu a partir de um projeto de extensão realizado em 2009, com o objetivo de registrar a história dessas mulheres. Ele foi financiado pelo projeto Universidade sem Fronteiras e resultou em um documentário e uma cartilha. “Para fazer esse documentário nós fomos reunindo as mulheres, desde as jovens que ainda estão atuando, até as precursoras da organização das mulheres. Na década de 1970, nós tivemos o Movimento Popular de Mulheres e na década de 1980, um outro movimento das mulheres agricultoras coordenado pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais e nós fomos reunindo essa mulherada”, comenta Roseli.

Segundo a diretora do Sindicato, a organização das mulheres na década de 1980 surgiu pela reivindicação do direito à aposentadoria e pelo bloco do produtor. “É uma história que se funde com a história do sindicato. As mulheres se organizam pelo sindicato anos com mais intensidade, anos com menos, sempre no sentido de se organizar e construir lutas juntas”, destaca Daniela. 

O Sindicato e as cooperativas familiares já realizavam trabalhos com as mulheres agricultoras, esse projeto da Unioeste tem a função de assessorar e construir um elo de articulação com os trabalhos que essas entidades já tinham na região. “A gente foi buscar ajuda e apoio do curso de Geografia, a partir da professora Roseli que tinha um compromisso com a comunidade das mulheres da agricultura familiar. A Unioeste participou das atividades do sindicato e de formação das mulheres, assim a gente construiu uma grade de formação com as agricultoras. A Unioeste dá o suporte técnico e teórico para o coletivo”, relata Daniela. 

Em 2019 o coletivo se transformou em um coletivo das mulheres do campo e da cidade, essa inclusão foi resultado de uma participação das mulheres urbanas no encontro municipal de mulheres agricultoras, na perspectiva de unir as forças.

“Ao longo desses anos, a gente vê a participação no coletivo: a organização das plantas medicinais, a horta comunitária, a feira, os encontros, além disso, do ponto de vista da organização, quando você encontra as mulheres, elas estão sempre falando da importância desses momento, relembrando a importância das mulheres se reunirem”, avalia Roseli.

Texto: Milena Griz, supervisão: Patricia Bosso

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