Escrita Científica

Como Iniciar


Um artigo científico, em suma, é o relato do que se pesquisou. Esse relato deve ser estruturado em fases, cada qual com seu foco, para que ao final torne-se um artigo com caráter científico proporcionando real contribuição para a área. 
Em geral, as fases ocorrem de forma sequencial, conforme seque:

  • Revisão da literatura: Fase de seleção e leitura de materiais que serão utilizados na fundamentação do artigo. Essa etapa tem grande importância na definição do problema a ser abordado pelo pesquisador, dando a segurança de que sua proposta seja de fato inédita, além de embasar o problema e a solução que se dará ao mesmo, em geral descrevendo na forma de objetivo geral e objetivos específicos;

  • Modelo mental/conceitual: Após ter o problema definido, bem como as etapas para sua provável solução (objetivos específicos), é interessante o pesquisador elaborar o planejamento do artigo. Para tal há várias ferramentas digitais, mas essa fase pode também ser rabiscada em papel. O ideal deste modelo conceitual é conter de forma clara a motivação e os materiais e métodos para a execução da pesquisa. Na sequencia, rascunha-se possíveis resultados (formato de exibição destes). Isso contribuirá sensivelmente para o sucesso das etapas seguintes.

  • Escrita inicial: É fundamental ter os objetivos específicos bem definidos e escritos. Após isso, deve-se atentamente escrever os materiais e métodos do artigo, executando suas fases (em laboratório ou em campo, tomando nota de tudo) para posteriormente ir ao papel. Com isso já é possível descrever a seção de resultados. As seções de discussão de resultados e introdução, nesta ordem, devem ser as últimas a serem escritas. Isto posto, tem-se a primeira versão do artigo, ainda que de forma rudimentar;

  • Aperfeiçoamento/Refinamento:> Com a primeira versão escrita, inicia-se o processo de releitura com objetivo de melhorar a redação, qualidade das imagens, estrutura da escrita, ortografia, coesão textual e afins. Essa etapa, em geral, é cansativa, porém de fundamental importância para que o artigo seja claro, sucinto e de leitura agradável. Somente após a concordância de todos os autores de que essa etapa seja considerada vencida, é que o artigo deve ser submetido a algum meio de publicação.

 Resumo


Um resumo é a exposição sintetizada de todo o trabalho realizado, e tem a finalidade de transmitir uma ideia geral sobre seu sentido, a fim de motivar o leitor a prosseguir com a leitura ou mostrar que ele pode não encontrar no trabalho em questão o que procura.

Em geral, resumos de artigos científicos dividem-se em 4 partes. Cada uma destas pode ser um ou mais parágrafos na estrutura do resumo, e tem um objetivo de comunicação sobre uma parte específica do trabalho, a saber:

  • Motivação: O resumo deve começar com a motivação daquele trabalho, isto é, o porquê ele está sendo desenvolvido. Em geral, esta parte faz menção a grande área e à área específica de contextualização do trabalho;

  • Método ou Metodologia: Essa segunda parte refere-se às etapas seguidas. Em geral, descreve-se sucintamente como o trabalho foi realizado, informando brevemente o local (se em laboratório ou em campo) e nomeia as fases executadas;

  • Resultados: Um resumo deve conter de forma breve os resultados alcançados com a execução do trabalho, sem a necessidade de detalhá-los. A necessidade de conter os resultados no resumo é para motivar o leitor a prosseguir na leitura completa do artigo ou descartá-lo por não ser de seu interesse naquele momento;

  • Discussão: Essa parte final do resumo, geralmente a mais extensa, apresenta a linha de discussão dada aos resultados, enfatizando testes estatísticos utilizados, melhoria em aspectos em que haja comparação com resultados de outros autores e afins.

Essa estrutura pode ser visualizada na Figura abaixo.

 img resumo

Figura: Estrutura Básica de um resumo para artigos científicos. Fonte: Guia de preparação de artigos elaborado pelo “Grupo Stela, Células de Comunicação Científica e de Documentação” da UFSC/EGC (Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento).

 

Introdução


A Introdução é a primeira seção de todo artigo científico. Nela constam a contextualização do problema bem como sua definição. Nela podem ser citados trabalhos correlatos e suas contribuições, apresentando o diferencial da proposta do artigo em questão. Essa seção orienta o leitor sobre toda estrutura do artigo, exigindo-se então que sua escrita seja minuciosa.

“Um artigo científico não é um livro de suspense no qual o leitor só descobre o que está realmente acontecendo no capítulo final. Muito antes pelo contrário, em um artigo científico, o leitor deve estar ciente do que acontece desde o início, desde a introdução. Desse modo, as principais contribuições e conclusões devem ser mencionadas na introdução. Geralmente, a introdução é uma reafirmação estendida do conteúdo do Resumo. Como sugestão de organização, considere a apresentação de forma concisa (um ou dois parágrafos para cada item) das seguintes informações:

  • Contexto, motivação, e principal contribuição.

  • O problema: definição do problema por alto (sem muitos detalhes) com a sua importância, relevância (a solução desse problema ajuda em que?).

  • Trabalhos anteriores relacionados: uma linha por trabalho relacionado. Geralmente, aqueles que não resolvem o problema ou apresentam apenas soluções parciais. No caso do artigo ser extensão ou continuação de um trabalho anterior, tal trabalho deve ser mencionado na introdução. Outra opção é estruturar essa parte agrupando trabalhos similares e detalhando apenas um ou dois que sejam mais importantes para o seu trabalho. [...]

  • Contribuições: lista de contribuições, resultados principais.

  • Organização: “O restante do artigo está organizado da seguinte maneira. A seção 2 apresenta alguns conceitos básicos e discute trabalhos relacionados. A seção 3 detalha o modelo proposto. A seção 4 apresenta um estudo comparativo através de experimentos, enquanto a seção 5 conclui o trabalho”.

Materiais e Métodos


Essa seção do artigo científico é provavelmente a mais trabalhosa, exigindo grande atenção em sua escrita para que nenhum detalhe seja omitido ou esteja escrito de forma ambígua.

O objetivo central desta parte é escrever : (i) o que foi feito; (ii) como foi feito; (iii) com quem foi feito; (iv) onde foi feito; (v) com o que foi feito, e; (iv) quando foi feito.

Desta forma, o artigo descreve detalhes suficientes para que os resultados possam ser verificados e o estudo replicado por outros pesquisadores exatamente conforme feito pelo escritor do artigo.

Dicas para a escrita dessa seção:

  • Ordene os procedimentos realizados cronologicamente;

  • Apresente claramente o desenho experimental (hipóteses testadas, variáveis aferidas, repetições realizadas, tratamentos, etc.;

  • Justifique cada procedimento executado;

  • Identifique a origem de todo ferramental utilizado no experimento (p.e.: software), e descreva as configurações utilizadas no ferramental;

  • Faça uso de unidades de medidas oficiais do idioma a ser publicado o artigo;

  • Apresente locais e datas, bem como características físicas e metereológicas (quando for o caso) quando da execução do experimento;

  • Descreva os testes estatísticos utilizados, justificando sua escolha;

  • Revise essa seção várias vezes após sua integral escrita, a fim de encontrar possíveis omissões, bem como para certificar-se de que não foram mencionados resultados nessa seção (falha bastante comum).

“Na seção de Materiais e Métodos você irá descrever de forma clara e precisa como o seu estudo foi executado. O estilo de escrita dessa seção deve parecer como se você estivesse explicando verbalmente como conduziu seu estudo. Evite a utilização de primeira pessoa e lembre de escrever no passado, uma vez que o estudo já foi executado. Organize essa seção da seguinte forma:

  • Descreva o objeto de estudo: Aqui você deve descrever a (1) origem do objeto estudado, como foi feito, onde foi encontrado, etc. e (2) suas características, seu tamanho, tecnologias utilizadas na construção, etc. É importante ter em mente que esses dados dependem da área estudada. Por exemplo, na área de Ciência da Computação é comum descrever o tamanho do software em linhas de código, seu número de módulos, qual linguagem foi utilizada na construção e quais as tecnologias envolvidas.

  • Quando o estudo é realizado fora do ambiente controlável do laboratório, é necessário descrever o local onde o estudo foi realizado e quais eram as condições.

  • Descreva como os dados foram coletados durante o experimento. Escreva com detalhe suficiente para que o outro pesquisador, lendo seu texto, tenha condição de repetir seu estudo.

  • Descreva como os dados foram analisados. Aqui você irá indicar qual e como utilizou algum método estatístico e que tipo de análise foi empregada para responder cada questão de pesquisa ou testar as hipóteses do estudo.

  • Descreva claramente a infraestrutura e configurações necessárias para seu experimento. Veja alguns itens que você deve incluir:

    Hipótese: é uma proposição ou suposição ou o conjunto delas, de natureza criativa e teórica, aceitas ou não, admissível ou provável mas não comprovada ou demonstrada. De forma não acadêmica: Uma situação que não é, mas que se imagina ou se supõe que seja, para tentar saber como seria, se fosse. Geralmente criada com base na questão de pesquisa.

    Variáveis Dependentes: variáveis que são derivadas diretamente da hipótese.

    Variáveis Independentes: variáveis que podemos controlar e mudar durante o experimento a fim de observar sua influência nas variáveis dependentes.

    Tratamento: Manipulações alternativas das variáveis independentes que pode ser mensurado por meio das variável(eis) dependente(s).”

Resultados e Discussões


Essa seção é a mais importante do artigo, pois nela é que se evidencia a contribuição do artigo, onde se detalham os resultados e faz-se sobre eles a discussão concernente.

Segue um texto extraído do site PosGraduando (http://posgraduando.com/como-escrever-um-artigo-cientifico/) que evidencia isso muito bem.

Na apresentação dos resultados, gráficos e figuras geralmente facilitam a observação dos efeitos, se comparados com as tabelas. Entretanto, as tabelas levam vantagem quando valores numéricos específicos são importantes. Nestes casos, artigos com tabelas irão obter um maior número de citações, porque outros pesquisadores podem usar seus dados como base de comparação.

Procure promover descrições claras e organizadas dos resultados, sem repetir no texto os dados já expostos em gráficos e tabelas. Ao escrever um artigo científico, inclua na redação final apenas os resultados que são necessários para a corroboração de suas conclusões.

Estrutura básica:

  • Resultados da análise estatística.
  • Estatísticas descritivas (médias, desvio padrão e correlações)
  • Estatísticas inferenciais
  • Relatar a significância e a amplitude dos dados.
  • Análises adicionais (usualmente post hoc).

Erros comuns:

  • Tabelas e figuras complexas, incompreensíveis.
  • Repetição dos dados no texto, nas tabelas e nas figuras.
  • Não utilizar o mesmo estilo de redação da introdução e do material e métodos.
  • Não apresentar os dados prometidos na seção material e métodos.

Análise estatística inadequada ou inapropriada.

A discussão é a parte mais complexa e mais difícil de escrever em um artigo científico. Deve ser redigida com a finalidade de apresentar e interpretar conclusões, enfatizar os resultados mais importantes e comparar os resultados obtidos na sua pesquisa com os resultados obtidos por outros pesquisadores (Medeiros e Tomasi, 2008).

Estrutura básica:

  • Relacionar os resultados com as hipóteses.
  • Interpretações: esperadas versus alternativas.
  • Implicações teóricas, para a pesquisa e para a prática.
  • Limitações do estudo: aproximação com o estudo ideal.
  • Confiança estimada das conclusões.
  • Explicitação de possíveis restrições para as conclusões.
  • Identificação de procedimentos metodológicos pertinentes aos resultados.
  • Recomendações para pesquisas futuras.

Erros comuns:

  • Repetição da introdução.
  • Repetição dos resultados.
  • Discussão não baseada nos propósitos do estudo.
  • Não esclarecer as implicações teóricas e práticas dos resultados.
  • Discussão não baseada nos resultados.
  • Hipóteses não discutidas explicitamente.
  • Apresentação de novos dados.
  • Repetição da revisão da literatura.
  • Especulações não fundamentadas.
  • Recomendações não baseadas nos resultados.

 

Conclusões

 

A seção de conclusões de um artigo geralmente é a menor, e faz o fechamento de todo o trabalho realizado. Ela precisa ser sucinta e deve-se ter cuidado de apresentar apenas conclusões, e não retomar resultados e/ou discutí-los (isso é feito exclusivamente na seção de resultados e discussões).

Algumas dicas para a escrita das conclusões são:

  • Breve resumo dos resultados do trabalho, atentando para as perguntas de pesquisa e/ou hipóteses levantadas na introdução;
  • Reflexão da contribuição que o artigo apresenta para a área de pesquisa em questão;
  • Descrição da importância do trabalho e de suas aplicação prática;
  • Descrição das limitações do trabalho e sugestões para possíveis trabalhos futuros.

 

Base de Dados


IEEE XPLORE
IEEE Xplore biblioteca digital é uma base de dados que fornece acesso a conteúdos científicos e técnicos publicados pela IEEE (Institute of Electrical and Electronics Engineers) e parceiros de sua publicação.
Site: http://ieeexplore.ieee.org/Xplore/home.jsp

SCOPUS
A base SCOPUS indexa mais de 14.000 títulos de 4.000 editoras nas diversas áreas do conhecimento, possui cerca de 27 milhões de resumos, incluindo citações, desde 1996, com uma interface amigável. A Scopus tem uma ferramenta que permite avaliar o desempenho das pesquisas (medição de produção científica – Bibliometria).
Site: http://www.scopus.com/

Web of Science
É uma base de dados do Institute for Scientific Information (ISI), que permite a recuperação de trabalhos publicados nos mais importantes periódicos internacionais, apresentando as referências bibliográficas contidas nos mesmos, informando ainda, sobre os trabalhos que os citaram, com referências a outros trabalhos. O período de abrangência estende-se de 1900 até o presente, incluindo os conteúdos das bases “Century of Science” e “Century of Social Science”. 
Site: http://webofknowledge.com

Google Acadêmico
O Google Acadêmico (Google Scholar) fornece, de maneira simples, diversos livros, artigos, teses, resumos e disciplinas de forma bastante abrangente. É possível ainda encontrar publicações de editoras e organizações profissionais
Site: https://scholar.google.com.br/

 

Tutoriais

 

CABI: Utilização das bases de dados nas áreas de agricultura e meio ambiente

ELSEVIER: Guia do Usuário da Editora.

Embrapa: Instruções para recuperação da informação

Fator de impacto: O que é Fator de Impacto

Latex: Tutorial de uso do LaTex para escrita cientifica

Periódicos CAPES: Tutoriais para acesso aos Períodicos CAPES

SciELO: Ajuda ao SciELO

Scopus: Tutorial de utilização da base de dados

 

Softwares de Gestão Bibliográfica


Mendeley
Funciona em Windows, Mac e Linux. Integrável com o processador de texto Microsoft Word e o Open Office. Permite o armazenamento de PDF’s e permite a pesquisa de informação dentro da própria plataforma. Permite importar e exportar bibliografia de outros software.
Site: http://www.mendeley.com/

Zotero
É um software livre (em open source) disponibilizado pelo web browser Firefox, que permite recolher, gerir e citar fontes bibliográficas. Funciona em ambiente Windows, Mac e Linux. Integrável com o processador de texto Microsoft Word e o Open Office.
Site: http://www.zotero.org/

Citation Machine
É um gerador Web para citações e referências. Um formulário Web é aberto para preenchimento dos campos necessários e, após o preenchimento, a citação para se colocar no texto e a referência bibliográfica são geradas. Estas devem ser copiadas para o texto do trabalho, pois não são armazenadas.
Site: http://citationmachine.net/

 

Recursos Anti-plágio


Farejador de plágios 10.1
Software brasileiro, que busca dados e informações em diversos sites para verificar possíveis plágios por meio de um software instalado no computador. A versão gratuita analisa apenas uma parte do arquivo enviado (50% do arquivo com tamanho até 300 kb). A verificação completa é disponibilizada apenas para assinantes.
Site: http://www.plagiarismcombat.com
Custo: Gratuito (sem registro); Pago (R$19,90 com registro)

Viper
Software para detectar plágio em documentos no próprio computador ou na Internet. Suporta os formatos DOC, RFT, HTML e TXT.
Site: http://www.scanmyessay.com
Custo: Gratuito

Plagius - Detector de Plágio Personal 2.0
Site: http://www.plagius.com
Custo: Gratuito para teste

Plagiarism Detect
Verifica possíveis plágios, e seu algoritmo de pesquisa detecta semelhanças entre um texto apresentado e todos os sites na web.
Site: http://www.plagiarismdetect.com/
Custo: Gratuito (uso limitado); Pago (análises avançadas)

CopySpider
Software anti-plágio brasileiro, de interface simples e intuitiva, com alto desempenho computacional para testar documentos sob o crivo de existência de cópias indevidas de outros documentos disponíveis na internet. Pode ser configurado para o Inglês ou Português (Brasil). Também é possível escolher um nível de rigor para a busca na internet (rápida, normal ou detalhada). Sugere-se a análise de possível existência de plágio para documentos com semelhança acima de 3%. O programa aceita como entrada os arquivos nos formatos DOC, PDF, TXT, HTML, RTF, DOCX, PPT, PPTX, XLS e XLSX, sendo compatível com os sistemas Windows XP, Vista, 7, 8, 2000, 2003 e 2008.
Site: http://www.copyspider.com.br
Custo: Gratuito

 

Referências:

http://www.keimelion.com.br/2015/03/escrita-tese-material-metodos.html

http://dx.doi.org/10.5123/S1679-49742013000100020

http://homepages.dcc.ufmg.br/~mirella/doku.php?id=escrita

http://scielo.iec.pa.gov.br/pdf/ess/v22n3/v22n3a20.pdf

http://blog.fastformat.co/escrevendo-as-secoes-de-resultado-e-discussao/

 

 

 

 

 

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