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Pesquisa da Unioeste campus de Toledo ganha prêmio da Capes

Pesquisa da Unioeste campus de Toledo ganha prêmio da Capes

 A pesquisa “A ruralidade e o desenvolvimento econômico local: o caso dos municípios brasileiros”, de Adriano Renzi e orientada pelo professor doutor Carlos Alberto Piacenti, ganhou o prêmio CAPES de tese na categoria Planejamento Urbano e Regional/Demografia. É a primeira vez que a Unioeste ganha o prêmio de melhor tese de doutorado da Capes nesta categoria. A premiação é uma iniciativa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). 

 A pesquisa foi feita para o doutorado de Adriano Renzi no Programa de Pós Graduação em Desenvolvimento Regional e Agronegócio (PGDRA), da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) do Campus de Toledo, e apresenta um indicador de desenvolvimento econômico novo, associado a aspectos da ruralidade. São eles o Índice de Desenvolvimento Econômico da Ruralidade (IDER) e o Índice de Desenvolvimento Econômico Local (IDEL). Renzi agradece aos professores do PGDRA pelo carinho, a oportunidade e o apoio dados durante o curso  de doutorado na instituição. “Este prêmio é muito importante para mim, pois, quando  fui aceito no doutorado ainda não tinha a confiança nem as ferramentas necessárias a um pesquisador. Após concluir a tese, defendê-la, vê-la ser escolhida como representante no prêmio Capes pelo PGDRA e agora como premiada, esses resultados me indicam e chancelam que estou na trajetória correta para me tornar um professor com habilidades em pesquisa e digno de ocupar um assento no curso de Ciências Econômicas (FACE) na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD)", comemora Renzi.

 Orientador do trabalho, professor Carlos Piacenti argumenta que esta premiação coloca a Unioeste e o PGDRA no nível dos melhores programas de pós-graduação e das melhores universidades do país. “Se observar a lista das universidades que foram premiadas, na grande totalidade são universidades federais, universidades de grande porte e, com isso, a Unioeste entra também nesse rol de uma universidade importante. Para o programa, nós tínhamos já uma nota 5, e neste ano vamos passar pelo processo de avaliação para manutenção da nota ou para subir de nível, esse é um prêmio que vem em um momento importantíssimo, porque mostra que o trabalho desenvolvido pela universidade, pelo programa tem tido êxito, tem tido um caráter de importância acadêmica, social. Então, é com grande alegria, o programa inteiro ficou muito satisfeito, muito feliz. E agradecemos a todo apoio que temos tido da universidade para que os alunos possam dar o melhor de si, e que o programa possa continuar rendendo frutos cada vez melhores”, completa o professor Piacenti.

Novos índices econômicos

 Renzi explica que, para chegar aos índices propostos (IDEL e IDER), levantou um conjunto de 146 variáveis que poderiam ser relevantes para compor o indicador. Após a realização das medições e teste, o autor chegou a um conjunto de 55 variáveis, que se mostraram presentes em 10 fatores. “Esses fatores englobam variáveis que são similares, por exemplo o aspecto capital: tem municípios que têm muito trator, muita colheitadeira, outros implementos agrícolas; outro fator foram municípios que têm produção de soja; outro foram municípios com bom equilíbrio orçamentário”, argumenta Renzi.

 Esses fatores apontados por Renzi representam diferentes dimensões do desenvolvimento econômico, tais como:  econômica, social,  demográfica e ambiental. A tese buscou identificar as variáveis presentes e representativas dessas dimensões as quais englobam e podem explicar, em parte, as mudanças nas características dos 5560 municípios brasileiros. “Um aspecto muito importante, que caracteriza uma alteração nos últimos 20 anos, é que a maior parte das pessoas vivem na cidade, mas fazem as suas atividades no campo, e parte das pessoas que vivem no campo, fazem as suas atividades rurais, mas também algumas atividades na área urbana”, explica o autor.

 Segundo Renzi, a origem do problema de pesquisa decorreu do fato de que os indicadores de desenvolvimento tradicionais, em detalhe, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e o Índice Firjam de Desenvolvimento dos Municípios (IFDM), consideram aspectos como renda, educação e saúde, mas não consideram aspectos de ruralidade, presente nos municípios brasileiros. Para o autor da tese, os índices tradicionais são indicadores importantes e são referenciados para alicerçar as políticas públicas, no entanto, não captam algumas dimensões e aspectos relevantes do desenvolvimento econômico. E foi nessa lacuna que Renzi apresentou sua contribuição ao fornecer dois novos índices com maior poder de precisão e mais adequados para aferir as realidades regionais brasileiras. Desse modo, os índices apresentados por ele seriam complementares aos tradicionais.

 Piacenti acrescenta que, de início, o trabalho se propunha a analisar a realidade dos municípios de Mato Grosso, onde o autor da tese reside. “Com o passar do tempo, a gente foi repensando o trabalho, e acabou que essa proposta acabou sendo estendida para todos os municípios brasileiros, uma vez que não se tinha nada dessa natureza para os municípios brasileiros”, explica Piacenti. O orientador ainda explica que, com a extensão da proposta para o país todo, o trabalho conseguiu gerar um índice que, até então, não existia. “Agora, com esse índice criado pela tese do Adriano [Renzi], passamos a ter um novo indicador que contempla a importância da área rural em índices econômicos, sejam eles de natureza econômica ou sócio-econômica”, argumenta Piacenti.

 De acordo com Renzi, um dos principais indicadores de desenvolvimento é o Produto Interno Bruto (PIB) per capita (divisão das riquezas produzidas no país pelo total de habitantes). “Ele não diz, por exemplo, se houve uma queda na desigualdade, ele não mede isso. Ele não diz se as pessoas estão em melhores condições de vida se o PIB cresceu 2%, é só uma estimativa”, explica o autor.

 O autor argumenta que o IDH e o IFDM consideram aspectos como a renda per capita, educação, saúde e longevidade, mas nenhum destes considera outros aspectos presentes no desenvolvimento econômico. Renzi atenta para a ausência de aspectos como quantidade de anos dedicados por uma pessoa à educação, gastos em saúde e gestão dos municípios, que o autor considerou para elaborar os índices que propõe. “Como esses índices tradicionais (tanto o IDH como o Firjam) como a base deles não capta essas outras características, o índice proposto na tese tende a complementar esses índices, tende a apresentar aspectos que visam a tornar esse índice mais próximo da realidade em termos de desenvolvimento econômico”, complementa Renzi.

 Renzi fala que chegou a este tema de doutorado pelas preocupações que as variáveis limitadas dos índices tradicionais traziam. Para o autor, indicadores limitados dizem pouco sobre a realidade, fator que pode trazer complicações para gestores que precisam definir onde o orçamento público será investido, seriam necessárias outras características aferidas para oferecer condições para os gestores tomarem as decisões.

Texto: Daniel Schneider – Jornalista Residente

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